Mídia impressa, portais, redes sociais: onde estão as notícias que o público quer e precisa ler?

O content marketing cresce em todo o mundo ampliando o acesso às informações e promovendo engajamento

O mais antigo jornal impresso da América Latina acabou: Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro, publicou sua última edição em 29 de abril de 2016. Na mesma data, notícias sobre enxugamento de cadernos e demissões na Folha de São Paulo. Outras mídias qualificadas reduzindo o tamanho de seus cadernos, racionalizando para aguentar o período de vacas magras, que sabe-se lá até quando durará. As TVs, os portais e sites de notícias vêm repetindo as manchetes principais, variações sobre um mesmo tema, há semanas. E muitos caem em conteúdos banais e rasos. As redes sociais, por sua vez, não são fonte confiáveis, nunca se sabe a fonte, se podemos acreditar no que está circulando.

Com este cenário, onde o público está lendo notícias e informações, conseguindo aprofundar nos temas de interesse? Nos smartphones e tablets? Aí vem outra notícia recente publicada pelo Valor Econômico sobre a redução do crescimento de vendas de smartphones e perspectivas difíceis para a indústria. Os usuários tendem a trocar por outros equipamentos mais avançados e que não são os mais indicados para as entregas de conteúdo noticioso. Parece que os ambientes digitais serão igualmente afetados como canais de entrega de notícias. Isto está mais parecendo um obituário de mídias…

Parecem sinais para o fim da mídia impressa e restrições no digital. Ou talvez não. Encontro Judy Glasman, reitora da Escola das Artes Criativas da Universidade de Hertfordshire de Londres, referência mundial no ensino de artes criativas, durante a apresentação da EBAC – Escola Britânica de Artes Criativas, em São Paulo, no final do mês de abril. Pessoa que impressiona pela simpatia e vitalidade. Conversamos brevemente sobre tendência de comunicação e mídias, como as estratégias digitais estão impactando o mercado. De pronto, me entrega um jornal da universidade #Hertsheadlines em formato tabloide, muito bem diagramado, com cores, 56 páginas de conteúdo muito bom sobre as atividades da universidade.

Questionamento imediato: um jornal impresso num cenário convergindo para digital e dificuldades para as mídias impressas? Judy explica: o jornal é feito pelos alunos, com suas realizações e conquistas. Cada nova edição impressa é muito aguardada por alunos, professores e profissionais de mercado.

A evolução está no perfil do conteúdo, sua relevância e profundidade dirigido para os públicos específicos. Explica que vivemos ciclos e que são recorrentes: o jornal impresso pode ser revigorado e ter a preferência dos alunos e diversos outros públicos que o leem. Outras indústrias consideradas mortas como a de discos em vinil retornam conquistando parte do mercado de CDs e DVDs e com valores superiores de venda (quem imaginaria isso há uns 10 anos), ganham escala em todo o mundo.

Ciclos. Comprovada a eficácia para a universidade do meio jornal impresso complementado pelo digital, exemplo que pode ser aplicado a tantas outras necessidades de comunicação de empresas em todo o mundo.

As estratégias de content marketing estão por trás de muito o que ocorre hoje no mercado de comunicação. Novas formas de captar, registrar e compartilhar conteúdo. Muitas empresas já adotaram a prática e experimentam relações diretas com o mercado. Ainda que a maioria tenha muito o que aprender neste quesito.

A GE é um bom exemplo. Publica o GE Reports, revista online trazendo diversos casos de produtos e serviços internos e temas de interesse geral – vão além da autopromoção. É uma grande referência e faz muito sucesso. Nike igualmente mantém toda uma estrutura de conteúdo digital que promove o engajamento com o público, promovendo práticas esportivas e vida saudável. Ambas trabalham o conceito de engajamento e branding.

As empresas produzem produtos, serviços e conhecimento que precisam transpor os seus muros. As soluções para as empresas são as mais diversas em termos de conciliar as mídias, o conteúdo e a quem se destina.

Há espaço para aprofundar em temas de interesse específico usando todas as alternativas de mídia: o conteúdo digital sempre sairá na frente com informações frescas em formato de e-books, e-newsletters, registros em redes sociais e microblogs, gerando engajamento e boas métricas; o impresso, na comunicação empresarial, continuará a registrar os fatos sem a necessidade de conexão à internet, com impactos visuais, cognitivos e sensoriais próprios do meio.

Todo o mercado terá que se ajustar às novas demandas e interesses de captar e transmitir informações. Empresas e profissionais de comunicação devem entender o equilíbrio dos componentes da comunicação, como e por qual meio o leitor receberá e processará as informações. O mercado está mais dinâmico do que nunca.